Hoje, 25
de outubro de 2015, faz exatamente 40 anos da morte do jornalista Vladimir
Herzog que era diretor de jornalismo da TV Cultura. Herzog se apresentou espontaneamente
no prédio do DOI-CODI da rua Tomás Carvalhal, no Bairro do Paraíso, em São
Paulo, para depor sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista
Brasileiro.
O
jornalista foi cruelmente torturado e veio a falecer em função dos ferimentos traumas
gerados pelo espancamento. Contudo para se esquivarem das responsabilidades
sobre o assassinato, os agentes da tortura armaram um cenário que seria a prova
do seu suposto suicídio.
Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/servidao-voluntaria-a-categoria-que-enfrentou-a-ditadura-para-participar-de-um-culto-ecumenico-em-protesto-contra-o-assassinato-de-herzog-e-hoje-obrigada-a-se-esconder-de-black-blocs-e-infelizment/,
acesso em, 25 de out de 2015.
A fotografia
do suposto suicídio circulou nos principais jornais e telejornais do país e só
veio a evidenciar a farsa do suicídio. Nela, vemos que a grade onde Herzog foi
amarrado é bem mais baixa do que ele, seus pés tocam o chão e ele foi amarrado
com o cordão que servia de cinto para o macacão. O problema é que ao dar
entrada no cárcere, todos os objetos como cadarços, cintos e cordões são
retirados da pessoa.
A morte
de Vlado (era o apelido usado pelos familiares e amigos de Herzog) e a
fotografia do seu suposto suicídio vivaram ícones da luta pelo fim da ditadura
e marcaram o processo de abertura política do país. O próprio Rabino Henry
Sobel, líder da Congregação Israelita Paulista, recusou-se a enterrar Herzog na
área dos suicidas do cemitério israelita, numa posição de clara oposição ao
governo e à sua versão oficial.
Mesmo
sendo judeu, no dia 31 daquele mês, foi realizado um culto ecumênico na
Catedral da Sé, São Paulo, onde reuniu-se milhares de pessoas. Estima-se que
somente jornalistas eram mais de 1000 pessoas.
Somente
em 2013 que a família conseguiu na justiça a correção da certidão de óbito em
que se substituiu o termo “suicídio” por “lesões e maus tratos” infligidos no
“II Exército (DOI-CODI)”.
Apesar de
toda a importância de Vladimir Herzog para a história do país e para o processo
de abertura política, no início desse mês, fazendo uma busca rápida na Internet
sobre o tema da abertura política encontrei o seguinte:
Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Abertura_pol%C3%ADtica, acesso em, 05 de out de 2015 (grifo meu).
O texto constitui-se
não só num absurdo e num enorme desrespeito com Herzog e sua família, mas também
numa injustiça e numa vergonha para a história e a memória nacionais.
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